Economia anarquista

A economia anarquista possui dois sentidos, o de pensamento econômico anarquista e o de práticas econômicas anarquistas, sendo o primeiro a crítica do capitalismo presente e a elaboração teórica de uma organização econômica anticapitalista e horizontal, e o segundo a experimentação de práticas econômicas heterodoxas às margens do capitalismo, como redes mutualistas e cooperativas autogeridas, e a construção revolucionária de uma sociedade sem Estado e capitalismo. Todos esses sentidos do termo existem em profunda interação e complementaridade segundo os anarquistas. A definição de economia, porém, é um tema de questionamento dentro do anarquismo, dado que esse questiona, em sintonia com parte do pensamento econômico heterodoxo, a própria demarcação de economia em separado das instituições políticas e dinâmicas sociais, o que levou alguns anarquistas à rejeitar a concepção de economia em geral. Entretanto, dentro de uma concepção ampliada e social e ecologicamente imersa de economia, muitas contribuições e engajamentos anarquistas podem ser reconhecidos ao longo da história e presentemente, em contraposição à historiografia hegemônica e marxista ortodoxa que ignora a dimensão teórica e filosófica, quando não histórica, do anarquismo.[1]

A existência de um sistema de pensamento econômico anarquista distinto é uma questão em aberto, dado que apesar da existência de uma tradição de críticas e proposições econômicas anarquistas e libertárias, esse pensamento foi frequentemente compreendido como parte do pensamento econômico socialista comum. Muitos anarquistas, por exemplo, admitiram as bases econômicas da obra de Karl Marx e Friedrich Engels, sendo por vezes divulgadores dessas ideias, como Bakunin (que primeiro traduziu O Capital para russo) e Carlo Cafiero (central na divulgação dessas obras na Itália, tanto que chegou a ser reconhecido e admirado pelos autores). Esses e muitos outros, do século XIX à contemporaneidade, buscaram fazer elaborações críticas sobre a economia socialista, e do Marxismo em específico. Outros rejeitaram completamente o Marxismo, desenvolvendo sua análise econômica através de outros ramos do socialismo. Com o tempo os anarquistas também desenvolveram relações com outras diversas escolas do pensamento econômico heterodoxo, entre essas a feminista, institucional, e ecológica, apontando afinidades e realizando contribuições nesses ramos - tornando difícil sua diferenciação dentro da heterodoxia. A economia anarquista forma um tradição, uma rede de ideias com integridade e coerência interna.[1]


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